10 novembro 2006

OS HERDEIROS INEFICIENTES

A propósito de uma recente reportagem sobre os herdeiros dos grandes empresários nacionais onde, entre diferentes casos, se relatava como ruiu o império de uma das maiores construtoras portuguesas a “Soares da Costa”, primeiro com a desavença do legado entre os irmãos, após a morte do fundador da empresa, e que terminou agora com a venda da mesma pelo herdeiro remanescente Laurindo Costa, pelos vistos uma afamado “bom vivant” de caçadas, boa mesa, viagens com amigos e políticos, fez-me equacionar o problema da sucessão nas grandes empresas portuguesas.
Realmente, embora pouco falada esta é uma das muitas ineficiências da economia portuguesa, onde enfermam vícios e incapacidade, se destroem recursos e empregos e se perde riqueza.
Os herdeiros na maior parte das vezes recebem as empresas dos patrões fundadores por sucessões “dinásticas” social e empresarialmente injustas, não estão preparados nem reúnem as competências para as gerir ou pura e simplesmente não estão interessados em assumir o compromisso porque sentem que a riqueza acumulada pelo “patriarca” os dispensa do trabalho e incómodo de gestão da herança recebida.
Desse modo, empresas geradoras de riqueza passam a centros de incompetência, de conflitos familiares, de cobiça e destruição de riqueza.
Profissionalizar a gestão, torná-las competentes e eficientes não é fácil de entender por herdeiro, rico, fútil e incapaz.
Este é um problema muito esquecido (ninguém fala dele), mas a verdade é que existem de facto muitas empresas familiares, mal geridas por herdeiros ricos e incompetentes e que são uma das zonas de maior ineficiência da economia portuguesa.
CA